sexta-feira, fevereiro 18, 2005

Canção nº3: U2 - "Without you" (1987)

Os U2 são para mim são uma banda especial. Sei exactamente quando comecei a gostar e a desgostar deles.
Comecei a apreciar os U2 em 85, quando vi a actuação deles no Live Aid, a tocar "Bad", a canção que fala da dependência da heroína. Tudo naquele palco fascinava-me, desde a energia da canção até a empatia que os U2 criaram com a multidão.
Com a rapidez possível, adquiri os álbuns e aprendi a cantar "Sunday bloody sunday", " A sort of homecoming", "October", "Gloria" e uma quantas mais.
Em 87 vi o vídeo de "Without you" e já nada me soou ao mesmo. Depois comprei o "The Joshua tree", mas a magia não estava lá. Eu já não era igual, os U2 já não eram iguais.
Desde então nunca mais consegui ouvir um álbum inteiro.
Durou pouco mas foi bom.

quarta-feira, fevereiro 16, 2005

Lou Barlow - "Emoh"

Barlow resguardou durante longos anos o seu trabalho a solo sob a designação de Sentridoh, enviando ao mundo sinais díspares do seu grande talento como escritor de canções. Se em alguns casos atingiu notas de grande qualidade, em especial no single "Losercore", também navegou na mais absoluta inconsequência.
"Emoh" é assim o seu primeiro trabalho em nome próprio, e Barlow não alcançou nenhum dos extremos mencionados. Este CD não é um 'home recording', como "the original losers" (42 músicas!!!); contém canções trabalhadas, e, em algumas delas, mais instrumentos e arranjos mais sofisticados que uma grande fatia dos trabalhos dos Sebadoh. O que faz falta aqui são as canções. Não há "Beauty of the ride", "On fire" ou "Brand new love".
Fica um punhado de temas bem intencionados, mas é muito pouco. Tal como no último álbum dos Folk Implosion, a forma está lá, mas o conteúdo não se aguenta em pé. Se calhar Barlow já deu o que tinha que dar.

segunda-feira, fevereiro 14, 2005

Disco nº 4: Current 93 - "Thunder perfect mind" (1992)

Em fins de 92, parecia-me que tudo o que de mais interessante acontecia na música pop provinha de vertentes mais agressivas; as bandas a que eu habitualmente recorria tinham acabado (Pixies, My bloody valentine) ou passavam por fases menos interessantes (Sonic youth). Preenchia eu os ouvidos com Ministry, Godflesh, Sepultura, Fudge Tunnel e outras sonoridades afins. Ameaçava tornar-me metaleiro de papel passado.
"Thunder perfect mind" foi um dos álbuns que me impediu de ir 'over the edge'. As intrincadas construções melódicas de David Tibet e companhia fazem tanto sentido agora, com a redescoberta do folk, como faziam há 12 anos. Mas Tibet acrescenta ainda a componente mística e intemporal que os Stevens, Banhart e outros não conseguem alcançar.
É curioso que tenho tanta admiração pela vertente musical de Tibet como incredulidade pelas trapalhadas pseudo-sobrenaturais com que se apresenta. Mas sem sombra de dúvida criou alguma da música mais inspiradora que coneço. Para mim foi o disco certo no lugar certo.