sábado, janeiro 01, 2005

15. The Melvins & Lustmord - "Pigs of the Roman Empire"

Hummm... Comecei logo com o álbum mais difícil de caracterizar. Ambient-metal? Gotic-stoner? Imaginem que pegam numa partitura de uma banda sonora para cinema e entregam a uns metaleiros. As comparações com os Tool são correctas, mas a ausência de voz em grande parte dos temas torna-os mais sombrios e assustadores. Uma surpresa que merece o tempo gasto a assimilá-la. O único problema são os temas que têm voz, e destoam do ambiente soturno. Em geral, é o álbum de metal que mais me entusiasmou desde "Roots" dos Sepultura.

Vamos começar

Hoje começo a discorrer sobre as minhas escolhas de 2004. Apertem os cintos.

sexta-feira, dezembro 31, 2004

Grande barraca

Finalmente, antes de mostrar o que me apaixonou em 2004, resta mostrar aquilo que me fez chorar. Num passado não muito distante, estes moços fizeram-me cantar, pular e sonhar. Em 2004 maltrataram-me os ouvidos.

R.E.M. - "Around the sun"
Tom Barman - "Anyway the wind blows OST"
Young Gods - " Music for artificial clouds"

Ouvi... não gostei

Estes discos foram-me indicados por conhecidos, amigos e crítica especializada. Alguns deles aparecem nas listas de melhores do ano. Portanto, estes são os discos que eu "não percebi".

!!! - "Louden up now"
Animal Collective - "Sung tongs"
The Blue Nile - " High"
The Dillinger Scape Plan - "Miss machine"
Franz Ferdinand - s/t
Morrissey - "You are the quarry"
Neurosis - "Eye of every storm"
Rogue Wave - "Out of every shadow"
Tanya Donelly - "Whiskey tango ghosts"
Tortoise - "It's all around you"
Wraygunn - "Ecleasiastes 1.11"

Primeiras escolhas

Todos estes álbuns são do melhor que ouvi, mas como só escolhi 15, ficaram de fora. Caçem-nos.

The Album Leaf - "In a safe place"
Björk - "Medulla"
Black Dice - "Creature comforts"
Devendra Banhart - "Nino rojo"
The Fiery Furnaces - "Blueberry boat"
Kings of Convenience - "Riot on an empty street"
Jello Biafra with The Melvins - "Never breathe what you can't see"
Joanna Newson - "The milk-eyed mender"
John Frusciante - "Shadows collide with people"
Mark Lanegan - "Bubblegum"
Mastodon - "Leviathan"
Ministry - "Houses of the mole'"
Pan American - "Quiety city"
Probot - s/t
The Thermals - "Fuckin A"
Tom Waits - "Real gone"
TV on the Radio - "Desperate youth, blood thirsty babes"
Wilco - "A ghost is born"

Antes de mais

Estes álbuns são de 2003, mas só chegaram aos meus tímpanos fanáticos no ano corrente. Só por isso não estão na lista. Corram atrás deles.

Blackpool - "Yamamama"
Explosions in the sky - "The earth is not a cold dead place"
Scout Niblett - "I am"

2004

Eu gosto imenso de ler todas as listas de final de ano, em especial de cinema e música. Descobri alguns dos meus realizadores e bandas preferidos através dessas listas, e por isso, no último ano, fiz uma lista de 15 álbuns, 5 filmes e 5 concertos que saíram no extinto "o desgoverno dos sonhos", o ex-blog do valter hugo mãe. Em 2004 vi muito poucos filmes e também poucos concertos, mas em compensação ouvi muita música. Então vai disto. A partir de amanhã vou discorrer brevemente sobre as minhas escolhas para 2004. Um de cada vez, para não saturar.
Se alguém quiser enviar as suas por e-mail (amano@netcabo.pt) ou colocar nos comentários, excelente. Serão mais algumas referências para que eu possa continuar a mergulhar cada vez mais fundo na procura eterna da canção perfeita.

quarta-feira, dezembro 29, 2004

The Arcade Fire

De quando em quando surgem bandas pop que não se encaixam exactamente nos cânones do gênero. Ao invés de construir 3 minutos e meio de desvario e dança, emolduram um sentimento de desgarramento, de sofreguidão... e por vezes são apaixonantes. Foi isso que senti quando ouvi "Ocean Rain" dos Echo & The Bunnymen ou "Deserter Songs" dos Mercury Rev. É isso que sinto com "Funeral" (2004), dos Arcade Fire. A sensação de que cada canção é a última do álbum começa nos primeiros acordes. Há uma grandiloquência e até alguma pomposidade nos arranjos que, no entanto, e contraditoriamente, passam imediatismo e paixão. É um grande álbum. Descubram.

terça-feira, dezembro 28, 2004

Punk de novo

Há poucas semanas queixei-me de não haver música punk feita como deve ser. Nem de propósito aparece-me o CD com Jello Biafra e os Melvins, "Never breathe what you can't see". Aproximei-me um bocado desconfiado por três motivos: o trabalho de JB depois dos Dead Kennedys não me convenceu minimamente; depois de todos os problemas legais com os outros Dead Kennedys, JB deve estar a precisar (muito) de dinheiro; os Melvins não são uma banda punk.
O disco, no entanto, é bom. É óbvio que aqui e ali soa a DK, mas acho que isso deve-se mais à voz de Biafra (que é inconfundível e é uma imagem de marca do punk) do que as composições por si. Os Melvins estão excelentes como banda de suporte, e penso que se não fossem as questões jurídicas não haveria problema algum em dizer que este trabalho é o novo álbum dos Dead Kennedys.
As letras de Biafra são um caso à parte. Ainda estou a tentar decifrar a maior parte delas, mas se uma canção começa assim: "thank you Osama, you saved our economy today", eu já estou ganho para o álbum todo.

segunda-feira, dezembro 27, 2004

Nirvana

Após uma daquelas intermináveis secas que os nossos Correios gostam de nos pregar, recebi hoje a caixa ("With the Lights Out", 3 CDs + 1 DVD) dos Nirvana.
Algumas das críticas e pessoas que leio e conheço tendem a desvalorizar o papel dos Nirvana no enquadramento da música pop/rock do final dos anos 80 e início dos 90. Eu na altura também não me apercebi bem da importância que a banda teve/assumiu. Uma das críticas que li (se não me engano, de David Bowie) referia que os Nirvana eram a resposta dos donos das editoras (brancos) ao domínio crescente do rap (negro). Argumentava, portanto, que os Nirvana eram simplesmente um produto oferecido aos adolescentes para os desviar da verdadeira cultura musical.
Mas eu lembro-me perfeitamente do que era a música mainstream no final dos anos 80. Lembro que bandas como R.E.M. e U2 eram consideradas 'alternativas', a ideia de rock para rádios e televisões eram Brian Adams e Dire Straits e as boys bands dominavam o panorama pop. Do outro lado, era rap da pior qualidade e dance music.
Na minha opinião, só quem lá esteve pode avaliar o que era o 'mainstream' antes e depois dos Nirvana. Quando vi "Nevermind" chegar ao nº 1 dos tops e o vídeo de "Smells Like Teen Spirit" passar massivamente na MTV nem queria acreditar. Podia-se gostar ou não, mas aquilo era música a sério. E em boa parte, devemos a este sucesso estrondoso a percepção das editoras que havia mercados para muitos gostos diferentes, e é por isso que hoje podemos ver um concerto dos Radiohead na Sol Música, ou o vídeo da Björk na MTV a qualquer hora do dia, ou saber que os Mão Morta são reconhecidos e respeitados por toda a imprensa.
Quanto à caixa em si, é um documento. A qualidade das gravações e de algumas canções deixa a desejar, mas é reconfortante para um fã de primeira hora como eu ter este material em boas condições. Tem um lugar especial na minha prateleira.