sexta-feira, janeiro 13, 2006
Alegrai-vos. A "Caixa de música" volta a tocar. Vou lhe dar corda noutro blog, o "segundo andamento". Venham comigo.
sábado, junho 25, 2005
Paredes de Coura
Arcade Fire, Pixies, Queens of the Stone Age, Nick Cave, Vincent Gallo com John Frusciante... num festival de verão é difícil pedir mais. Quem vai ter comigo a Paredes de Coura?
segunda-feira, junho 20, 2005
Disco nº 5: My Bloody Valentine - "Loveless" (1991)
"Loveless" tem um grande e inultrapassável defeito: depois de o criar, Kevin Shields e os seus My Bloody Valentine viram-se em mãos com a tarefa impossível não de ultrapassar, nem sequer igualar, mas criar algo que merecesse partilhar a sua matriz criativa. Desde 91, Shields tem sucessivamente adiado o regresso, esmagado por tamanho peso. Provavelmente nunca o fará.
"Loveless" transpira sensualidade, noise e beleza em todas as voltas do CD. Alberga a canção de amor perfeita ("When you sleep"), a canção pop perfeita ("To here knows when") e a canção para dançar ("Soon"). Além disso é o manual oficial dos shoegazers e do pedal de distorção.
É certo que demorou 18 meses a ser gravado, e rebetou a conta bancária da Creation, mas não me parece que sequer uma pequena parte deste tempo e dinheiro tenha sido mal gasto. Quase 15 anos passados, permanece como um tratado da pop com guitarras, e nenhum outro registo sequer conseguiu imitá-lo. É obra.
Muitas vezes hesito quando perguntam-me sobre o meu álbum favorito. Mas se a questão versar sobre o CD mais bonito que conheço, não há duvida: "Loveless". Devia ser prenda obrigatória no São Valentim.
"Loveless" transpira sensualidade, noise e beleza em todas as voltas do CD. Alberga a canção de amor perfeita ("When you sleep"), a canção pop perfeita ("To here knows when") e a canção para dançar ("Soon"). Além disso é o manual oficial dos shoegazers e do pedal de distorção.
É certo que demorou 18 meses a ser gravado, e rebetou a conta bancária da Creation, mas não me parece que sequer uma pequena parte deste tempo e dinheiro tenha sido mal gasto. Quase 15 anos passados, permanece como um tratado da pop com guitarras, e nenhum outro registo sequer conseguiu imitá-lo. É obra.
Muitas vezes hesito quando perguntam-me sobre o meu álbum favorito. Mas se a questão versar sobre o CD mais bonito que conheço, não há duvida: "Loveless". Devia ser prenda obrigatória no São Valentim.
quinta-feira, junho 16, 2005
Scout Niblett - "Kidnapped by Neptune"
Este será o 3º álbum da canadiana Niblett, pelas minhas contas. E, tal como no anterior, a produção está a cargo de Steve Albini. E o moço, já entradote, não perdeu ainda o jeito para descobrir talentos fantásticos, e extrair deles a essência da sua criação musical, o dote mais puro que eles são capazes de oferecer.
"Kidnapped by Neptune" não difere muito de "I am". A mesma voz desgarrada e quase sufocada, a ditar as palavras em esparmos de incerteza, a mesma bateria a marcar os tempos. Neste álbum há mais guitarras, algumas bastante presentes nos temas que mais se assemelhariam a canções pop, se Niblett se desse ao trabalho de fazer canções pop.
De resto é o filão inexaurível de grandes ideias, misturando vocalizações raivosas e uivos guturais com lamentos semi-infantis e tiradas venenosas. Todo o conjunto parece semi-acabado, como se a pachorra não chegasse para mais. Mas é exactamente aí que Niblett bate P J Harvey ou Cat Powers aos pontos. Niblett só faz o que é estritamente necessário. O resto do trabalho é todo nosso. Como naqueles filmes em que só se dão pistas e o espectador constrói a história, "Kidnapped by Neptune" mostra-nos os cenários e dá-nos o guião. Os actores somos nós.
"Kidnapped by Neptune" não difere muito de "I am". A mesma voz desgarrada e quase sufocada, a ditar as palavras em esparmos de incerteza, a mesma bateria a marcar os tempos. Neste álbum há mais guitarras, algumas bastante presentes nos temas que mais se assemelhariam a canções pop, se Niblett se desse ao trabalho de fazer canções pop.
De resto é o filão inexaurível de grandes ideias, misturando vocalizações raivosas e uivos guturais com lamentos semi-infantis e tiradas venenosas. Todo o conjunto parece semi-acabado, como se a pachorra não chegasse para mais. Mas é exactamente aí que Niblett bate P J Harvey ou Cat Powers aos pontos. Niblett só faz o que é estritamente necessário. O resto do trabalho é todo nosso. Como naqueles filmes em que só se dão pistas e o espectador constrói a história, "Kidnapped by Neptune" mostra-nos os cenários e dá-nos o guião. Os actores somos nós.
segunda-feira, junho 13, 2005
Thee Silver Mt. Zion Memorial Orchestra and Tra-la-la Band - "Horses in the sky"
Se algo mudou no último registo dos Silver Mt. Zion, é a utilização da voz; neste álbum não há espaço para a "orquestra" criar a atmosfera luxuriante e o crescendo vibratório que dominavam grande parte da anterior discografia. Apenas em duas ou três passagens Efrim e Cia "permitem" que as vozes passem para segundo plano.
Decidam já se aceitam o registo vocal estridente de Efrim como o acompamento ideal para as construções melódicas; só posso assegurar que neste álbum já menos se vislumbram os Godspeed You! Black Emperor - e ainda bem!
Se cada vez mais os Silver Mt. Zion se aproximam da canção, a marcha épica dos temas ainda lá está. Desta vez acompanhada de refrões memorizáveis e quase assobiáveis que levam, como em nenhum outro ponto dos trabalhos anteriores, ou mesmo dos GY!BE, a uma identificação imediata com as músicas, que só tornam este um registo especial dos Silver Mt. Zion.
Basta ouvir a primeira música - "God bless our dead marines" - para identificar todos os ingredientes do álbum, a saber: melodias impecáveis, crescendos de voz e instrumentos magicamente construídos e um sentimento misto de elevação e angústia.
Num ano já marcado por muitos bons registos, mas ao qual tem faltado grandes obras, aqui está uma. Para guardar e ouvir muitas vezes.
Decidam já se aceitam o registo vocal estridente de Efrim como o acompamento ideal para as construções melódicas; só posso assegurar que neste álbum já menos se vislumbram os Godspeed You! Black Emperor - e ainda bem!
Se cada vez mais os Silver Mt. Zion se aproximam da canção, a marcha épica dos temas ainda lá está. Desta vez acompanhada de refrões memorizáveis e quase assobiáveis que levam, como em nenhum outro ponto dos trabalhos anteriores, ou mesmo dos GY!BE, a uma identificação imediata com as músicas, que só tornam este um registo especial dos Silver Mt. Zion.
Basta ouvir a primeira música - "God bless our dead marines" - para identificar todos os ingredientes do álbum, a saber: melodias impecáveis, crescendos de voz e instrumentos magicamente construídos e um sentimento misto de elevação e angústia.
Num ano já marcado por muitos bons registos, mas ao qual tem faltado grandes obras, aqui está uma. Para guardar e ouvir muitas vezes.
sábado, junho 11, 2005
Para o valter
1. Total music volume in my computer:
Não tenho música no PC. Tiro os álbuns, gravo em CDs. Nunca oiço música no computador.
2. the last cd i bought:
Na verdade foram sete. Como agora praticamente só compro na Internet, encomendo em quantidade. São:
Scout Niblett "Sweet Heart Fever" e "Kidnapped By Neptune";
"Song of the Silent Land" compilação da Constellation Records
Mercury Rev "The Secret Migration"
Six Organs of Admittance "School of the Flower"
Silver Mt. Zion "Horses in the Sky" para oferecer ao valter
White Stripes "Get Behind Me Satan"
3. song playing right now:
In the Nursery "Rites"
4. five songs i listen to a lot lately, or that mean a lot to me:
se são só cinco, têm de ser as que tenho andado a ouvir
Antony and the Johnsons «hope there's someone»
Mogwai "Killing all the flies"
Silver Mt. Zion "God bless our dead marines"
John Frusciante "The past recedes"
Explosions in the sky "First breath after coma"
5. people to whom i'm passing the baton:
Vilas e Fritz.
Não tenho música no PC. Tiro os álbuns, gravo em CDs. Nunca oiço música no computador.
2. the last cd i bought:
Na verdade foram sete. Como agora praticamente só compro na Internet, encomendo em quantidade. São:
Scout Niblett "Sweet Heart Fever" e "Kidnapped By Neptune";
"Song of the Silent Land" compilação da Constellation Records
Mercury Rev "The Secret Migration"
Six Organs of Admittance "School of the Flower"
Silver Mt. Zion "Horses in the Sky" para oferecer ao valter
White Stripes "Get Behind Me Satan"
3. song playing right now:
In the Nursery "Rites"
4. five songs i listen to a lot lately, or that mean a lot to me:
se são só cinco, têm de ser as que tenho andado a ouvir
Antony and the Johnsons «hope there's someone»
Mogwai "Killing all the flies"
Silver Mt. Zion "God bless our dead marines"
John Frusciante "The past recedes"
Explosions in the sky "First breath after coma"
5. people to whom i'm passing the baton:
Vilas e Fritz.
A hawk and a hacksaw
Surpreendente.
É o que posso dizer do concerto de ontem à noite n'O Meu Mercedes É Maior Que O Teu. Jeremy Barnes apresenta-se como o condutor de melodias acompanhado de violino. A primeira impressão que tive ao vê-lo em palco foi a de um Flautista de Hamelin, só que à falta de flauta (falta de flauta, digam bem rápido 3 vezes...) saía-se com um acordeão e percussão de pés, pernas e cabeça (literalmente).
Se o quisermos situar musicalmente pensem em Vetiver, mais a banda sonora do Gato Preto Gato Branco.
O que ressaltou da actuação dos AHAH, se o quisermos pôr assim, foi uma intensidade musical que ia muito além das limitações das duas pessoas que estavam em palco.
Comprei lá o CD, "Darkness at noon", e recomendo vivamente.
Infelizmente não foi só Barnes que ouvi ontem à noite. Mas sobre isso escrevo daqui a bocado no Rotação Difusa.
É o que posso dizer do concerto de ontem à noite n'O Meu Mercedes É Maior Que O Teu. Jeremy Barnes apresenta-se como o condutor de melodias acompanhado de violino. A primeira impressão que tive ao vê-lo em palco foi a de um Flautista de Hamelin, só que à falta de flauta (falta de flauta, digam bem rápido 3 vezes...) saía-se com um acordeão e percussão de pés, pernas e cabeça (literalmente).
Se o quisermos situar musicalmente pensem em Vetiver, mais a banda sonora do Gato Preto Gato Branco.
O que ressaltou da actuação dos AHAH, se o quisermos pôr assim, foi uma intensidade musical que ia muito além das limitações das duas pessoas que estavam em palco.
Comprei lá o CD, "Darkness at noon", e recomendo vivamente.
Infelizmente não foi só Barnes que ouvi ontem à noite. Mas sobre isso escrevo daqui a bocado no Rotação Difusa.
terça-feira, maio 31, 2005
De volta
Obrigado a quem teve pachorra para continuar a consultar o "Caixa de Música" enquanto eu deixei-a sem corda. Já estou cá outra vez.
Antony and the Johnsons - Famalicão
"Is everyone ok? I know it's a lot of slow songs." E realmente eram.
Foi assim que Antony dirigiu-se ao público que lotava o auditório da Casa das Artes antes de interpretar "I fell in love with a dead boy". Não sei o que terá visto na plateia para motivar o comentário, mas é verdade. Antony não tem canções suficientes em qualidade para aguentar um concerto de hora e meia, mesmo recorrendo a quatro covers.
No entanto, naqueles momentos em que aquela voz incrível sobrevoava as nossas cabeças e sentia-se a intensidade das interpretações, criava-se magia. Principalmente em "Starfish" e "Hope there's someone", o sentimento de abandono e entrega total que percorria as mentes era quase palpável. É pena que, em vários outros momentos, as interpretações indistintas (ou indiferentes, conforme o ponto de vista) queriam um concerto mais curto e mais intenso.
No balanço final, porém, juro-vos que quem não se arrepiou da cabeca aos pés ao ouvir "hope there's someone to take care of me... " não estava vivo.
Foi assim que Antony dirigiu-se ao público que lotava o auditório da Casa das Artes antes de interpretar "I fell in love with a dead boy". Não sei o que terá visto na plateia para motivar o comentário, mas é verdade. Antony não tem canções suficientes em qualidade para aguentar um concerto de hora e meia, mesmo recorrendo a quatro covers.
No entanto, naqueles momentos em que aquela voz incrível sobrevoava as nossas cabeças e sentia-se a intensidade das interpretações, criava-se magia. Principalmente em "Starfish" e "Hope there's someone", o sentimento de abandono e entrega total que percorria as mentes era quase palpável. É pena que, em vários outros momentos, as interpretações indistintas (ou indiferentes, conforme o ponto de vista) queriam um concerto mais curto e mais intenso.
No balanço final, porém, juro-vos que quem não se arrepiou da cabeca aos pés ao ouvir "hope there's someone to take care of me... " não estava vivo.